terça-feira, 28 de outubro de 2008

Bem Vindos à Catalunya

Continuando... O que todo mundo faz quando chega em Barcelona? Como vocês já sabem,eu fui à Zara, graças à uma mãozinha da TAP. Mas a segunda coisa que fiz foi a que todos fazem quando chegam: fui às Ramblas. As Ramblas são uma série de ruas que se juntam e que ligam a Praça Catalunya ao porto da cidade.Tem ao todo 1 km e 200 metros.Elas se chamam sucessivamente por La Rambla de Canaletes, La Rambla dels Estudis, La Rambla de Sant Josep, La Rambla dels Caputxins, e La Rambla de Santa Monica.As Ramblas de Barcelona tem uma espécie de calçadão por onde os pedestres podem caminhar observando o movimento das ruas, das lojas, restaurantes, cafés e artistas de rua ali existentes. Só que este calçadão fica no meio, sendo ladeado por ruas normais por onde trafegam os carros.
Foi exatamente nas Ramblas, há quase 13 anos atrás, que ví pela primeira vez estas estátuas humanas que só se mexem quando um dinheirinho é jogado para eles, e que hoje existem em praticamente todo o canto, até na minha pacata cidade onde vivo.
Também é nas Ramblas que se encontra o famoso mercado La Boqueria.
Confesso que fiquei mais impressionada com a primeira visita que fiz ao La Boqueria, pois agora de tanto entrar e sair de mercados municipais cheguei à conclusão que o de São Paulo é mesmo imbatível, sem falar que é muito mais bonito, com aqueles imensos painéis de vitrais. O que é legal de ver no La Boqueria é a variedade de frutos do mar que simplesmente não existem por aqui. Uns caranguejos gigantes e vermelhos chamados de centolla. As lagostas únicas que em terras catalãs recebem o nome de lavagantes.E outros bichos marinhos que sinceramente não sei se teria coragem de comer...
Saindo das Ramblas fomos dar uma passeadinha básica só no comecinho da Passeig de Grácia, que é digamos assim, a Champs Elysées de Barcelona. Larga, chic, cheia de cafés e bares de tapas e com as melhores lojas de alta costura existentes. Bom, quem conhece Paris sabe que não é extamanente na Champs Elysées que ficam as top labels do mundo, e sim principalmente na Av. Montaigne e na Faubourg Saint Honorè, mas Paris é Paris e só ela se dá o luxo de ter três das ruas mais chics e poderosas do mundo em uma mesma cidade...
Ok, Julia, voltando a Barcelona, pode se dizer que a cidade tem sim uma atmosfera parisiense com seus prédios em arquitetura francesa e sua gente bem vestida e alegre lotando os cafés nas calçadas. Mas Barcelona tem alma própria e esta alma é catalã! Ao ponto de todas as informações turísticas nas placas estarem escritas em catalão seguido de inglês. É gente, por aqui o espanhol é a terceira lingua, acredite se quiser, e está cada vez mais sumindo entre as novas gerações. Quanto mais jovem forem os barcelonetas, menos sabem falar espanhol, o que me deixa intrigada pois nunca ví uma cultura que se feche ao mundo por completo dar muito certo com o passar do tempo. Num tempo em que o planeta está globalizado e que as pessoas já falam não somente duas mais três, quatro línguas, como não estranhar um povo que simplesmente não queira nem mais aprender a língua dominante de seu próprio país? É, mas este é o povo catalão, teimoso e orgulhoso, cabeça-dura, exatamente como eu-que não por acaso descendo de lá...
Chega à noite e estávamos prontos para o nosso primeiro encontro gastronômico da temporada: o Comerc 24.
O chef Carlos Abellan passou 8 anos trabalhando na cozinha do El Bulli, o megafamoso restaurante de Ferran Adrià. E quando achou que já podia alçar vôo próprio, abriu seu restaurante no bairro do Born, uma espécie de soho barceloneta, cheio de bons restaurantes, galerias de arte e o incrível Museu do Chocolate.
Mas vamos ao que interessa. Chegamos lá e fomos recebidos por uma moça que nos levou à uma mesa estrategicamente colocada ao lado da cozinha aparente, onde podíamos ver todo o staff trabalhando na confecção dos pratos.
Comecei gostando muito do ambiente, clean e chic, como mostra o detalhe da decoração da mesa:


Daí, todo mundo escolheu o menu degustação mais caro e mais completo. Afinal já que se estava ali era para aproveitar tudo, não é mesmo?

Então a primeira gracinha, uma degustação de azeites, do mais fraco ao mais encorpado, passando por diversas regiões da Espanha, como Granada, Andaluzia e a própria Catalunya.


E depois...

macadâmias douradas e azeitonas recheadas com anchovas


filetes de lagosta envolvidos em tiras finíssimas de abacate para ser comido com guacamole. Simplesmente lindo e divino!


Um peixe local com cítricos e no segundo pratinho as almeijoas que parecem como se a gente mergulhasse no mar de boca aberta.


Os ravioles de morilles


A versão do melão com presunto, só que era um folhado de finíssimas camadas de melão com presunto ibérico. Essa eu adorei!


O Kinder Ovo, a especialidade da casa, que é um creminho a base de ovos que vem dentro da casca intacta com uma surpresinha dentro, daí o nome. A surpresa? Trufas negras, baby...


Ok, ainda teve um monte de outros pratinhos, como o delicioso prato de carne, mas eu vou pular logo para este aqui:


A sobremesa, claro. Composta de um suquinho meio mousse a base de menta, maracujá e framboesa, uma outra mousse de iogurte com musli e novamente framboesas, uma espécie de biscoito de chocolate feito na casa, sacam o Oreol americano, pois era quase isso,uma tarte de manga, uma quenelle de ganache de chocolate regada por um azeite fantástico e duas outras que já nem lembro o nome mas que adoraria comer agora mesmo!

E depois de tudo, assistimos todos os cozinheiros lavando cada parte do restaurante, chão, prateleiras, teto, panelas, como se disso dependesse a vida de cada um. E olha que quem cozinha em um restaurante deste nível é gente que já estudou em Le Cordon Bleus da vida...

Amanhã tem mais gente. Vou parar que me deu fome...Adios!

Um comentário:

Antonio Da Vida disse...

Nossa, deu fome só de olhar... e agora eu finalmente entendi o porquê daquelas fotos todas de comida, he he he... :-)
XXX/A